quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Número de acidentes e mortes nas rodovias federais no Carnaval sobe 13%

Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo

O número de acidentes e mortes nas rodovias federais durante os dias do Carnaval subiu 13% em 2010 com relação ao mesmo período do ano passado. Segundo balanço da Polícia Rodoviária Federal divulgado nesta quinta-feira (18), foram 3.233 acidentes e 143 mortes nos 66 mil quilômetros de vias federais. Em 2009, foram 2.865 acidentes com 127 mortes.

Assim como no ano passado, Minas Gerais continua liderando o ranking de mortes e de acidentes: foram 493 acidentes, com 26 mortes. Em 2009, foram 471 acidentes e 21 mortes em MG. Neste ano, Rio de Janeiro e Bahia, com 11 mortes cada, ocupam o segundo lugar no ranking de mortes, seguidos por Santa Catarina e Rio Grande do Sul (10 mortes cada), Paraná (9) e Goiás (8).

Estado Mortes
MG 26
RJ 11
BA 11
SC 10
RS 10
PR 9
GO 8

No ranking de acidentes, Santa Catarina ocupa o segundo lugar, com 442 acidentes, seguido por Paraná (361), Rio de Janeiro (302) e Rio Grande do Sul (276). No ano passado, SC foi o segundo Estado em número de acidentes (366) e de mortes (19).

O dia mais violento dos seis dias de fiscalização foi o sábado, quando 37 pessoas morreram em desastres nas rodovias federais. Ainda em comparação com o ano passado, a quantidade de feridos em acidentes aumentou 7%, de 1.784 para 1.912.

Frota em circulação aumenta
A PRF aponta dois fatores para o aumento de acidentes e mortes: o crescimento da frota de veículos circulando nas estradas no Carnaval – 54,5 mil em 2009 para 59,4 mil em 2010; e o aumento na quantidade de quilômetros fiscalizados – 62 mil no ano passado para 66 mil neste ano.

O aumento da frota circulante, contudo, foi de 9%, percentual menor se comparado ao crescimento de acidentes e mortes. Questionado se a violência no trânsito nesse Carnaval tem relação com a má conservação da maioria das rodovias federais, Alexandre Castilho, assessor nacional de comunicação da PRF, diz que "ainda não dá para apontar as causas" dos acidentes neste último feriado.

"No entanto, a experiência nos mostra que os acidentes provocados por danos na rodovia, como buracos, má sinalizações, curvas perigosas, correspondem a 4% do total", diz

"“Há no Brasil um triste paradoxo rodoviário: o motorista enquanto enfrenta uma rodovia ruim, ele aumenta seu nível de atenção e dirige em uma velocidade menor. Já em rodovias boas o motorista brasileiro dirige em uma velocidade maior e diminui seu grau de atenção. É por essa razão que 70% dos acidentes ocorrem em retas situadas em pistas boas”, acrescenta.

Principais rodovias
De acordo com a PRF, a fluxo de veículos aumentou 30% na rodovia Washington Luís (BR-040), que liga Rio de Janeiro a Juiz de Fora, 20% na Rio-Santos (BR-101) e 13% na BR-290 (Freeway), principal acesso às praias do Rio Grande do Sul.

Estado Acidentes
MG 493
SC 442
PR 361
RJ 302
RS 276

Em relação ao aumento no número de quilômetros fiscalizados, a PRF diz que quem mais contribuiu para a alta foi o Paraná, que retomou, por determinação da Justiça, a fiscalização de cerca de 2.400 quilômetros de rodovias, antes de responsabilidade da Polícia Militar do Estado. Das nove mortes registradas no Paraná durante o Carnaval, seis ocorreram nesses trechos, de acordo com a PRF.

576 prisões
O número de veículos fiscalizados foi de 242.365, 7,9% a mais do que no ano passado. A quantidade de fiscalizações, contudo, foi inferior ao aumento da frota circulante (9%). Nesse ano, 1.235 motoristas foram autuados e 593 presos por dirigir alcoolizados, contra 862 autuações e 576 prisões por este mesmo motivo em 2009.

Se em 2009 a PRF utilizou 700 etilômetros (bafômetros), nesse ano foram usados 2.000 equipamentos em 46.226 testes de embriaguez. Nos seis dias de operação, os 9.200 agentes poliiciais de plantão aplicaram 119.614 multas, 53% delas por excesso de velocidade.

Na avaliação de Castilho, para que o número de mortes e acidentes sofra uma redução nos próximos feriados, é necessário que o governo federal faça investimentos na contratação de pessoal e de equipamentos.

"Precisamos de mais efetivo. Um acréscimo de 4% no efetivo não faz frente ao aumento da frota de veículos, que foi de 100% nos últimos 10 anos. Além disso, precisamos buscar formas alternativas de fiscalização, mas isso envolve tecnologia, compra de radares, computadores, viaturas, e tudo isso depende de investimento", afirma.