quinta-feira, 10 de junho de 2010

Altura importa mais do que idade no uso das cadeirinhas infantis, diz médico (Danuza Peixoto)

Após o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) adiar para setembro a aplicação da lei que exige o uso de cadeirinhas adequadas à idade das crianças transportadas em carros, especialistas voltaram a discutir a norma. Para alguns deles, a altura da criança é mais importante do que a idade para definir o item de segurança usado.

Segundo o médico Claudio Santili, presidente da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), quem tem menos de 1,45 metro precisa continuar nos assentos específicos, mesmo que tenha mais de sete anos.

A lei diz que recém-nascidos com até um ano de idade sejam transportados no bebê-conforto. De um a quatro anos, as crianças devem viajar em cadeirinhas. Entre quatro e sete anos e meio, o ideal é que utilizem o booster --elevação de assento. Crianças de sete anos e meio a dez anos devem viajar só no banco traseiro usando o cinto de segurança.

O médico do tráfego José Montal, vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego, diz que o cinto de segurança, dependendo da posição, pode matar a criança num acidente.

Estatiscamente, no entanto, o uso das cadeirinhas para crianças de dois a seis anos foi questionado pelo economista americano Steve Levitt, professor da Universidade de Chicago e autor do best-seller "Freakonomics".

Em 2005, Levitt analisou dados do National Highway Transportation Safety Administration (NHTSA), que fiscaliza a segurança nas estradas dos EUA, e constatou que a cadeirinha e o cinto de segurança de três pontas têm a mesma eficácia para salvar crianças dessa idade.

Dados da SBOT mostram que morrem 2.000 crianças e adolescentes no trânsito brasileiro todos os anos. Os acidentes são a principal causa de morte em pessoas entre 1 e 14 anos de idade no país.

FISCALIZAÇÃO

Ontem, a Folha acompanhou uma blitz educativa realizada na avenida Brás Leme, em Santana (zona norte), e ficou claro que a aplicação da lei terá dificuldades.

Os policiais pararam carros com crianças que, no "olhômetro", poderiam ter menos de sete anos. De acordo com os pais, no entanto, elas eram mais velhas.

Segundo a policial Danielle Munhoz, que comandava a fiscalização, sob dúvida, o pai terá que comprovar a idade do filho com documento.

Nenhum comentário: