A dona de casa Nilza das Graças Socorro, de 62 anos, mulher do motorista Edson Roberto Domingues, de 55 anos, morto após ser atingido por um carro de luxo em São Paulo, não suportou a emoção na chegada do corpo do marido ao velório no Cemitério da Lapa, na Zona Oeste da cidade, nesta quarta-feira (5).
Ela teve que ser carregada nos braços pela filha e por amigos da família. “Com a minha idade, encontrei o amor da minha vida e agora o perdi. Não tem dinheiro que pague a falta que ele vai me fazer”, disse Nilza.
Ela pede justiça, mas ainda não sabe o que pretende fazer contra o motorista do Camaro.
O Camaro era guiado pelo estudante Felipe de Lorena Infante Arenzon, de 19 anos, que chegou a ser preso em flagrante pela polícia no último dia 30 sob a acusação de tentativa de homicídio doloso (quando é assumido o risco de matar), de dirigir embriagado e de fugir do local do acidente. Após três dias preso, ele foi solto ao pagar fiança de R$ 245 mil estipulada pela Justiça.
Edson Roberto Domingues morreu na noite de terça (4) após ter ficado cinco dias internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, com queimaduras provocadas pelo acidente. Seu carro pegou fogo após ter sido atingido pelo Camaro.
A única enteada de Socorro também se mostrou indignada. “O que eu vou dizer aos meus filhos se ele [Felipe] não for punido? Não quero ter vergonha de ser brasileira”, afirmou Jussara Cristina Socorro, de 40 anos.
Amigo de Edson há mais de 20 anos, Marcos Cinzas, de 38 anos, pediu uma punição rigorosa ao motorista do carro de luxo. “O caso dele precisa ser um exemplo para a sociedade. Uma pessoa impune não pode ficar solta.”
Vera de Lourdes Vara Pivelles, de 49 anos, era amiga de infância de Edson. Ela perdeu o marido há um mês, vítima de violência, e cobra punição.
“Meu marido era taxista e morreu com pauladas na cabeça de um passageiro e ele está impune. Não quero que isso aconteça com o Edson. Algo tem que acontecer, caso contrário esse garoto e outros vão continuar bebendo e dirigindo.”
O enterro de Edson está marcado para esta quinta-feira (6), às 10h, no Cemitério da Lapa.
Investigação
De acordo com a investigação, Arenzon saiu de uma casa noturna na Zona Oeste, pegou o Camaro e dirigiu embriagado pela Avenida Sumaré, circulando pela faixa exclusiva para motos, depois bateu em quatro carros que estavam na via.
Posteriormente, atropelou duas pessoas perto da Ponte da Freguesia do Ó. Por último, bateu em outros dois veículos na Avenida Inajar de Souza. Com a colisão, o carro onde estava Domingues pegou fogo. Ele teve mais de 90% do corpo queimado e foi internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HC. A morte dele ocorreu por volta das 23h de terça, segundo a assessoria de imprensa do hospital.
Apesar de não ter aceitado passar pelo teste do bafômetro, Arenzon foi submetido ao teste clínico que constatou que ele havia bebido antes do acidente, segundo o delegado Manarini. Dentro do Camaro foi encontrada uma lata de cerveja.
Apesar de estar em liberdade, Arenzon tem de cumprir algumas determinações da Justiça. Uma delas é não sair do país e não estar na rua após as 22h. A polícia espera concluir o inquérito dentro de um mês. Após isso, o caso será levado ao Ministério Público, que decidirá se o estudante deve ser denunciado à Justiça pelo crime.